Menu
Mostrar mensagens com a etiqueta bruxaria de cozinha. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta bruxaria de cozinha. Mostrar todas as mensagens



A Noite dos Ancestrais criou expectativas cá em casa e o "Halloween" já significa atividade diferente: castelos, morcegos, fantasmas, esqueletos, monstros, caldeirões e (sobretudo!) abóboras com caras!

A cria já percebeu que esta cena do "Halloween" dá para tirar as pinturas da caixa, (re)talhar laranjas, e brincar com bruxas de meias às riscas e chapéus bicudos.
As refeições temáticas dão-lhe o sabor extra e monstros de maçã com olhos de mirtilo estão a tornar-se "A" sobremesa.
Esta altura do ano é sempre uma altura de segurar portas e mantê-las abertas o suficiente para que o trabalho possa ser feito com todos. Custa e esgota as reservas de energia até ao tutano. Mas somos porteiros porque estamos vivos. Nós podemos acolher e receber, pôr mais um lugar à mesa, ensinar os nomes de quem partiu e contar as suas histórias a quem nasceu depois. Nós somos quem assiste à memória que mantém a porta aberta para que quem partiu se sinta sempre bem vindo.
Neste Dia de Finados, em que no nosso território se faz a visita às pedras onde os (n)ossos repousam, o tempo pausa, e o passado faz-se presente.
Hoje, do meu coração para o eco dos corações que já não batem, eu faço da recordação o chão e a raiz que sustenta a casa da minha família.
Hoje, aproveito a viragem desta Roda para limpar no fogo o que não cabe no meu futuro, e incendeio o que quero que preencha esse espaço nesta Roda que recomeça. Porque todo o fim é um princípio.
E entre cogumelos caveira, e sepulturas de chocolate, brindamos alto e brindamos muito, às linhagens, aos heróis, aos modelos de amor, aos amados e amadas, às cicatrizes partilhadas...ao encontro depois da despedida.
E depois de cansarmos o corpo na festa da noite, a alma pousa e contempla o tempo imparável. O Outono corre para o Inverno. O sol nasce e  desce mais cedo. A luz da vela dança no altar iluminando os sorrisos nas fotografias que quem nos ensinou a sorrir. E tudo corre.
Aos Finados, aos Nascidos e aos Porteiros: Bem Vindos, hoje e sempre.
0


Nascem os Seminários de Bruxaria Contemporânea! 

Numa iniciativa do Crónicas e do Sob o Luar, vamos convidar pessoas que vivam a realidade da Bruxaria para que partilhem as suas visões, reflexões e experiências!

Numa altura em que o preço da ignorância se paga em medo, vamos dar voz e expressão para que a definição da arte venha de quem a pratica e vive.

Juntem-se a nós e venham descobrir quem são, então, as bruxas e os bruxos? 

Sigam o primeiro evento público no canal da Comunidade Paganices aqui!


0



Hoje vamos experimentar uma receita deliciosa, fácil e leve.
Começamos com uma rápida contemplação à nossa cozinha para constatar que foi adquirida demasiada fruta para o consumo que é feito neste lar, muito devido aos irresistíveis morangos e pêssegos que apanharam o nosso nariz e encontraram rapidamente espaço no nosso saco de compras. E ainda descobrimos uma laranja reservada para uma experiência de óleos essenciais caseiros que acabou por ser substituída, à última hora, por um limão (que já ameaçava passar para o lado bolorento da força).

O passo seguinte é reunir as frutas que passaram a segundo plano depois da última ida às compras: 3 maçãs e 4 pêras.

De seguida, procedemos ao descasque e corte das ditas em pedaços filetados rústicos dispondo-os numa panela com água. Hum... Podemos aproveitar a casca daquela laranja e juntar a cozedura desta fruta toda, para lhe dar um toque diferente... Talvez corra bem... Nunca fizemos uma tarte destas, mas já que estamos a aproveitar fruta sem destino decretado, mais vale. Confiança. Onde está o descascador?

Depois, damo-nos conta que se calhar aquela quarta pêra é demais, e que mais vale ficar assim 3 por 3. Deixamos a quarta pêra ao lado da laranja descascada, ainda sem ideia sobre o que vamos fazer com a laranja despida e já a repensar a cena toda do aproveitamento da casca.

Escolhemos recalcar as dúvidas e avançamos com coragem para a parte onde a fruta já ferve com a casca de laranja e acrescentamos 3 colheres de açúcar de coco. Bolas. Cheira demasiado a laranja... As dúvidas retornam em força e reavaliamos amargamente a decisão de termos juntado a casca da laranja à fruta que ferve no fogão. Até porque a laranja despida olha-nos acusadoramente e a cozinha torna-se pequena para aquela tensão toda.

Já com notas de pânico, decidimos fazer uma salada de fruta com a a pêra a mais e a laranja descascada, e acrescentamos 1 banana, 3 morangos e 1 pêssego. Rapidamente colocamos esta ideia numa taça e acrescentamos água para que o aspecto não denuncie o quão irreflectido foi o curso das nossas decisões até chegar a este ponto.

Entretanto, a fruta cozida só cheira a laranja e decidimos que é melhor pescar a casca da laranja na fervedura. Fazêmo-lo bem e queimamo-nos também no processo, mas o remorso aplaca o queixume. Assumimos que a vida tem que continuar e que as escolhas que foram tomadas não poder ser alteradas agora. Tiramos 3 folhas de gelatina e misturamos um pouco de água morna antes de agitar tudo e levar ao micro-ondas por 30 segundos. Durante esta rápida sequência, questionamo-nos se alguma vez usamos gelatina transparente antes... não temos registo de memória disponível... e ainda assim, sabíamos o que fazer com ela. Concluímos que os desígnios divinos são insondáveis e misturamos a gelatina já em estado líquido na fruta.

Avançamos para a massa folhada....

Começamos por tirar o rolo de massa folhada fresca comprada no minipreço.

Próximo passo.

Espalhamos a massa numa forma redonda baixa (haverá pessoas que chamem a isto uma assadeira, mas nós somos pessoas de pensamento divergente que sabemos melhor). Com perspicácia, colocamos, entre a massa e a forma, o papel vegetal que enrolava a massa na embalagem porque, com todo este festival de experiências, não queremos arriscar mais as leis de Murphy.

Ligamos o forno no máximo com ventoinha e olhamos mais uma vez para a salada de fruta que originou do pânico de uma serie de movimentos impulsivos. É uma boa altura para a colocar no frigorífico.

Depois de calcarmos docemente a massa fresca na forma (em cima do papel vegetal), vamos contemplar a fruta que ferve no fogão, confirmando que ainda cheira bastante a laranja e consideramos se deveríamos despejar o conteúdo da panela para dentro da forma. Uma voz diz-nos que isso só vai ensopar a massa folhada, e nós vamos ouvir esta voz com MUITA ATENÇÃO!

Desta forma, vamos filtrar a fruta  num passador e não vamos reflectir sobre o facto de a gelatina provavelmente ter sido um acrescento inútil uma vez que vamos só aproveitar a fruta...adiante!

Depois de espalharmos a fruta pela forma, apercebemo-nos que aquela pêra a mais tinha dado jeito, mas para afastar o remorso, vamos calcando a fruta e distribuindo-a de uma forma mais homogénea até uma corzinha estar presente um pouco em todo o diâmetro da forma.

Com algum contentamento pelo projecto inicial estar com um ar convincente, colocamos a forma no forno e rodamos 15 minutos a 200º.

Olhamos à volta absorvendo a loiça que temos para lavar e voltamos a questionar o sentido da nossa vida.

Remetemo-nos para a nossa condição humana e mortal e vamos lavar a loiça.

Entretanto, vamos espreitando o forno e com algum deslumbramento, vamos reconhecendo que, de facto, o que fizemos se parece mesmo com uma tarte.

Com renovada esperança na humanidade, e nas decisões que tomamos na nossa vida, vamos reunindo as cascas da fruta e somos novamente assolados pela espectro da acusação: não vamos aproveitar as cascas... Decidimos que merecemos provar a salada de fruta e distrair-nos desse falhanço.

Não está má.

E sente-se bem a laranja.

O forno apita e nós vamos retirar a tarte de pêra e maçã colocando-a numa base na bancada...e contemplar o sucesso. Aspecto e cheiro, tem.

A medo, vamos cortar uma fatia pequenina, naquela só do ir arrefecendo para provar.

Mas lembramo-nos de que os americanos comem tarte quente e consideramos que não deve ser mau. Provamos.

Sucesso!!!!!

Não sabe muito a laranja!

Viram como é fácil?!

Super recomendo!

Acompanhem-me na próxima aventura da cozinha que deve estar para breve porque aquelas bananas... não estão a ficar muito maduras?


*a foto foi tirada no fim da crónica e as repetidas provas que foram feitas só para ver mesmo se ficou bom, são notáveis. Continua a não saber muito a laranja. Orgulho.

0