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Dia da Mãe e o tabu do trabalho

Hoje é dia da Mãe.
Hoje é o dia do Trabalhador. 
A ironia de vivermos numa realidade em que temos de "trabalhar como se não fôssemos mães, e sermos mães como se não trabalhassemos".
Falemos, então, de tabus modernos:
Falar de sexo, é tabu?
Falar de prazer, é tabu?
Falar de política ou religião, é tabu? 
Desde que fui mãe, e me tornei mais uma entre tantas, descobri que o nosso maior tabu é este:
Falar de condições de trabalho. 
O facto de estarmos a dezenas de anos de poder alcançar a equidade salarial é contexto para discutirmos este tema? 
Não, porque é desconfortável. 
Falar de horários reduzidos é uma afronta aos colegas. Falar de tempos de licença é julgamento na certa. Falar de horários flexíveis é um abuso porque não pensamos nos colegas e somos egoístas. 
Porque continuamos ,logicamente, a faltar mais para ficarmos com crias doentes porque continuamos a receber menos (se nosso dia vale menos, a falta reflete-se menos nos rendimentos de um casal). 
Falar da realidade materna (em especial da maternidade de bebés e crias pequenas) é abrir o tema para sermos lembradas que o patronato é injustiçado quando exigimos direitos e que ousar fazer cumprir esses direitos é uma afronta para o n° de indivíduos contratados pelo patronato (que, por algum motivo, não pode ser alterado só porque alguém quer reivindicar direitos seus garantidos por lei). 
Não quero ser de intrigas mas tenho para mim que se nos juntassemos nestas ideias e se nos fizéssemos representar num coletivo que zelasse pelos nossos direitos e que procurasse fazer cumprir as leis que nos protegem e regulam as condições de trabalho, talvez nos fizéssemos ouvir e conseguissemos negociar melhor com as entidades patronais... Digo eu, assim de repente. 
Ah esperem.. 

Que 1° de Maio nos lembre que não somos só funcionários. 
Somos pessoas que querem e que procuram um sítio melhor com coragem para desconstruir um sistema que não nos serve em justiça. 
Sempre. 

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