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Porque é que é importante falar das sombras no Paganismo

Literalmente, sobre as sombras que se escondem no Paganismo. Esqueçam o Jung. É mesmo a parte sombria e perigosa que se esconde no Paganismo como em qualquer outro movimento ideológico, espiritual e religioso. 
Depois de um pontapé de entrada vindo do Sob o Luar através das mãos ponderadas da Alexia Moon (leiam o artigo aqui!), resta o confronto com o que se tende a instalar na sala quando se fala de problemas ligados a  experiências e vivências do outro. Para todos os que nunca se aperceberam desta realidade no Paganismo (e no mundo!), boa para vocês. A probabilidade de serem homens é elevada e provavelmente lembram-se de alturas no passado em que coisas eram feitas em nome da liberdade e do secretismo que hoje NÃO PASSAM (e ainda BEM!). 
Vamos por partes. Para todas as pessoas que passaram décadas, anos, meses, semanas ou horas em contacto com quem se move nas comunidades pagãs portuguesas (sim, são várias...) ou nas comunidades em português, a vossa experiência pode ser imaculada. Mas eu duvido que acreditem que somos todos unicórnios mágicos do amor incondicional. 
Somos humanos. E somos, sobretudo, responsáveis pelo que fazemos sós ou em grupo.  Somos das nossas escolhas e somos também produto do tempo que nos faz. E dou agora ênfase a esta questão do tempo que nos faz por um motivo particular: o que é hoje considerado uma questão ética podia ser interpretado de uma forma diferente no passado. Agora segurem-me a mão porque vamos chegar lá.
O que hoje declaramos que é inaceitável de se fazer a troco de conhecimento e poder, provavelmente não o era há 30 ou 40 anos atrás porque (como muitas coisas quando se fecham no secretismo) não se questionava outra forma de o fazer. 
Hoje, décadas de reflexão e terapia em cima, conseguimos discernir o quão predatórias eram as práticas que, na altura, só eram vistas como recruta. 
Hoje, conquistamos o direito de colocar o limite no que não sentimos que seja adequado, saudável e benéfico. E eu não estou a brincar quando afirmo que estas considerações não se punham. O que havia era pouco e os que o controlavam faziam as regras. O que significa que, quem atravessou esse tempo, viveu esse padrão e convive hoje com as memórias e percepções dessas experiências, pode agora sentir-se desfasado deste tempo. E isso não tem de ser desvantajoso.
Somos todos sobreviventes nas nossas histórias de vida porque toda a nossa existência é pautada pelas dinâmicas de poder em que participamos e não podemos dominar em todas. O que significa que, se a corrente de ideias hoje tornou essa realidade uma questão ética, então ganhamos todos em reflectir sobre isso. A nossa integridade física e psicológica não tem preço. Que ninguém vos convença do contrário. Se isto não era considerado antes, então ainda bem que o é hoje! 
E eu não me considero alarmista por trazer estes temas ao lume do caldeirão. Quando muito sou humanista consciente. Humanos são falíveis. E não existem mestres perfeitos ou todo poderosos que saibam o que é melhor para vocês sem serem...Vocês.
E quando sabemos o valor que tem a nossa integridade, as pessoas com quem aprendemos e a quem ensinamos no nosso caminho ganham. Mas para sabermos o valor desta regra de ouro, temos de falar de sombras e dar-lhes visibilidade. Porque, como as últimas décadas nos ensinaram, à luz da reflexão e consideração as sombras mirram e perdem poder. E ninguém chega aqui sem saber que estamos todos a fazer magia com cada um dos nossos gestos e escolhas, certo?
Então sigamos em frente confrontando as sombras, levando a nossa vida e o mundo no processo, para um sítio melhor.

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